BARATAS

Elas estão moídas no seu chocolate, sobrevivem a até um mês sem cabeça e comem seres humanos vivos. (Agora a boa notícia: elas não resistiriam a um ataque nuclear). Conheça o nojento mundo dessa obra-prima da evolução: a barata

Gênio do design
Conheça milímetro a milímetro o inseto highlander.

Casca dura
Para proteger o interior delicado, elas são revestidas por um casco duro de quitina. O formato achatado permite que elas suportem esmagamentos leves sem morrer.

Creme
A massa branca que sai quando você esmaga uma barata é gordura e protege os órgãos internos. Ela permite que o inseto fique dias sem comer.

Filhotes
A maioria das baratas guarda seus ovos em um recipiente chamado ooteca, que fica dentro do corpo. Algumas espécies seguram os filhotes dentro de si até estarem prontos para ir ao mundo; outras largam a ooteca em um lugar seguro para os ovos eclodirem sozinhos.

Antenada
Dotadas de pequenos pelinhos ultrassensíveis, as antenas das baratas captam odores e podem, dependendo da espécie, detectar a presença de água, álcool ou açúcar nas proximidades.

Fôlego
A barata respira por 20 aberturas laterais chamadas espiráculos, que levam o ar para o corpo todo. Assim, pode ficar horas sem oxigênio.

Radar
Esses espinhos no traseiro dão informações detalhadas sobre ameaças: percebem movimentos sutis do ar e captam informações sobre possíveis ameaças, como localização, tamanho e velocidade.

A barata dos vizinhos
São 5 mil espécies do inseto que vive na Terra há 325 milhões de anos. Eis as principais:

Nome - Barata americana
Tamanho - 3 a 4 cm
Longevidade - 3 a 4 anos
Habitat - Ambientes escuros como sótãos, porões e esgoto.
Comuns no mundo todo, são maiores, e fazem voos curtos. É a espécie mais resistente: fica 90 dias sem comida e 40 sem água. Acredita-se que tenham vindo da África em navios negreiros.

Nome - Barata germânica
Tamanho - 1,2 a 1,6 cm
Longevidade - 1 ano
Habitat - Cozinhas e banheiros, despensa de alimentos, máquinas de café.
Elas têm asa, mas não voam e são as mais comuns nas cidades da América. Vivem até 45 dias sem comida e 14 sem água. Acredita-se que tenham ido para a Europa com os fenícios.

Nome - Barata de Madagascar
Tamanho - 5 a 9 cm
Longevidade - 2 a 5 anos
Habitat - No chão de florestas tropicais, principalmente Madagascar.
Esta espécie não é considerada uma praga urbana - na verdade, é até criadacomo bicho de estimação. São famosas pelo alto assobio que fazem quando se sentem ameaçadas.



Também vão pegar você
Poucos bichos são tão liberais quanto as baratas quando se trata de alimentação. Elas comem praticamente tudo. E isso inclui coisas bizarras como cola, fezes, papel, couro, outras baratas e cerveja azeda quente, que é seu alimento preferido. (A única coisa que odeiam é pepino - sabe-se lá por quê.) E elas também curtem comer seres humanos - vivos ou mortos. Sim, elas "mordem"gente viva (que está dormindo) - sempre nas extremidades: dedão e sola dos pés, unhas e palmas das mãos. Também há relatos de baratas que comem cílios. Elas não têm dentes, mas usam sua forte mandíbula para raspar as superfícies até deixar buracos doloridos. Também podem se alimentar de restos de comida, especialmente de leite seco na boca de bebês que estão dormindo. As crianças são mais suscetíveis por terem o sono mais pesado, mas adultos também não escapam. Se você é do tipo que curte tomar cerveja e comer salgadinho no sofá e acaba dormindo por lá mesmo, chegou a hora de repensar sua vida.


Boatos sobre baratas

 

Elas resistem a ataques nucleares


Mentira. O mito provavelmente surgiu na década de 1960, com o relato nunca confirmado de que baratas teriam sobrevivido às bombas de Hiroshima e Nagasaki. É verdade que, comparadas com não-insetos, elas são resistentes: por terem poucas células que se dividem lentamente, conseguem consertar alguns problemas causados pela radiação. Mas outros seres vivos são muito mais resistentes, como certas algas, musgos e bactérias. E até alguns insetos são mais fortes: enquanto a barata americana aguenta até 20 mil rads (unidade de radiação absorvida), o caruncho de madeira aguenta 48 mil, e a mosca-das-frutas, 64 mil. Uma bomba como a de Hiroshima tem 34 mil rads. Ou seja, elas não sobreviveriam.


Elas sobrevivem sem cabeça


Verdade. Baratas são sobreviventes. Além de conseguir ficar até um mês sem comer nada e semanas sem ingerir água, o inseto ainda é capaz de sobreviver por até outro mês sem a cabeça. É que suas principais estruturas vitais ficam espalhadas pelo abdômen (incluindo as que permitem a respiração) e, caso percam a cabeça (no sentido literal), um gânglio nervoso no tórax passa a coordenar os seus movimentos, permitindo que fujam das ameaças. Como o seu corpo tem um revestimento de células sensíveis à luz, ela ainda pode localizar e correr para as sombras a fim de se proteger. Mas, como todos, inevitavelmente um dia acaba morrendo.


Elas estão no chocolate


Verdade. Segundo a Food and Drugs Administration (FDA), o órgão que faz o controle dos alimentos e remédios nos EUA, uma barra de chocolate comum contém, em média, 8 resíduos de baratas. (Um pedaço de 100 gramas de chocolate tinha, em média, 60 resquícios de insetos variados em sua composição.) O inseto entra em contato com o doce ainda durante a colheita e armazenamento do cacau. E mais: pessoas que têm alergia ao chocolate podem, na verdade, ser alérgicas aos pedacinhos de baratas que ficam no doce. O inseto pode causar reações alérgicas em algumas pessoas, como coceira e cãibras, e cortar o chocolate da dieta é justamente um dos tratamentos recomendados a pessoas alérgicas.

 

CLICOS DE VIDA DAS BARATAS

 

Como acontece com muitos animais, a reprodução da barata se baseia em ovos de uma fêmea e em esperma de um macho. Geralmente, a fêmea libera feromônios para atrair um macho e, em algumas espécies, os machos lutam pelas fêmeas disponíveis. O que acontece exatamente depois que um macho deposita seu esperma na fêmea varia, porém, de uma espécie para a outra.

 

A maioria das baratas são ovíparas - suas crias crescem em ovos fora do corpo da mãe. Nessas espécies, a barata-mãe carrega seus ovos em uma bolsa chamada ooteca, que é conectada a seu abdômen. O número de ovos em cada ooteca varia de uma espécie para a outra. Muitas baratas fêmeas soltam ou escondem suas ootecas um pouco antes de os ovos estarem prontos para quebrar. Outras continuam a carregar os ovos que estão abrindo e cuidam de suas crias depois que elas nascem. Independentemente da quantidade de tempo que a mãe e os ovos passam juntos, a ooteca, contudo, tem de permanecer úmida para que os ovos se desenvolvam.

Outras baratas são ovovivíparas. Em vez de crescerem em uma ooteca fora do corpo da mãe, as baratas crescem em uma ooteca dentro do corpo dela. Em algumas espécies, os ovos crescem dentro do útero da mãe sem estarem cercados por uma ooteca. As baratas em desenvolvimento dentro do corpo se alimentam das gemas dos ovos, assim como fariam se os ovos estivessem fora do corpo. Uma espécie é vivípara - suas crias se desenvolvem em um fluido dentro do útero da mãe, assim como fazem muitos mamíferos. As espécies ovovivíparas e vivíparas geram crias vivas.

O cuidado das baratas-mãe com suas crias também varia de espécie para espécie. Algumas mães escondem ou enterram suas ootecas e nunca vêem suas crias. Outras cuidam de suas crias depois do nascimento, e cientistas acreditam que algumas crias têm a capacidade de reconhecer suas mães. O número de crias que uma barata pode gerar também varia consideravelmente. Uma barata alemã e suas descendentes podem gerar 300 mil baratas em um ano. Uma barata norte-americana e suas descendentes podem gerar o número comparativamente baixo de 800 novas baratas por ano.

Baratas que acabaram de sair dos ovos, conhecidas como ninfas, geralmente são brancas. Um pouco depois do nascimento, elas ficam marrom e seus exoesqueletos endurecem. Elas começam a se parecer com baratas adultas pequenas e sem asas.

As ninfas sofrem metamorfose várias vezes enquanto se tornam adultas. O período entre cada metamorfose é conhecido como um instar. A cada instar, a barata se parece mais com uma barata adulta. Em algumas espécies, esse processo leva apenas poucas semanas. Em outras, como a da barata oriental, ele leva entre um e dois anos. O tempo de vida total das baratas também varia. Algumas vivem apenas por poucos meses, ao passo que outras vivem por mais de dois anos.

As baratas geralmente preferem áreas quentes, úmidas e escuras. As baratas selvagens são mais comuns em partes tropicais do mundo. Elas são onívoras e muitas espécies se alimentam de praticamente tudo, inclusive de papel, roupas e insetos mortos. Algumas vivem unicamente de madeira, muito parecido com o que os cupins fazem.

Embora as baratas sejam parentes próximas dos cupins, elas não são tão sociais quanto eles. As colônias de cupins têm uma estrutura social organizada, em que vários membros têm funções diferentes. As baratas não têm esses tipos de funções, mas elas costumam preferir viver em grupos. Um estudo na Universidade Livre de Bruxelas, na Bélgica, revelou que grupos de baratas tomam decisões coletivas sobre o local onde viver. Quando um espaço era grande o suficiente para todas as baratas no estudo, todas elas permaneciam lá. Quando, porém, o espaço grande não estava disponível, as baratas se dividiam em grupos iguais para caberem no menor número de áreas diferentes.

Outro estudo sugere que as baratas têm uma inteligência coletiva formada pelas decisões de cada barata. Cientistas europeus criaram um robô chamado InsBot, que era capaz de imitar o comportamento da barata. Os pesquisadores aplicaram feromônios de barata no robô para que as baratas de verdade o aceitassem. Aproveitando a tendência das baratas de acompanharem umas às outras, o InsBot foi capaz de influenciar o comportamento de grupos inteiros e inclusive de convencer as baratas a deixarem a sombra e se moverem para áreas iluminadas. Os cientistas desenvolvem a teoria de que robôs parecidos poderiam ser usados para conduzir animais ou para controlar a população de baratas.